Inauguramos la columna a cargo de Miriam De Paoli en la que cuenta sin tabúes como es vivir la etapa de la menopausia.

Vou me apresentar: sou Miriam, quase 50 anos. Mulher. Jornalista. Mãe. Esposa. (não necessariamente nessa ordem).
Impaciente, inquieta, mas rotineira. Umas taurinas típicas diriam meus amigos.

Todos lugares comuns, eu sei. Nada na minha vida é glamoroso ou trágico.
Eu sou comum. E curiosa. Mas muito curiosa.
E foi essa curiosidade que me levou a buscar informações sobre a menopausa, esta etapa que está virando minha vida de cabeça para baixo.

Vou te contar como esta “revolução” começou:
Dia normal. Victoria, minha filha de 8 anos, chegou da escola e fomos tomar sorvete. Meu marido recebeu uma ligação e tivemos que literalmente voltar pra casa correndo. Bem … na verdade eles correram.
Eu fiquei no meio do caminho sem respirar. Pensei que estava morrendo.
Você deve estar se perguntando: e daí? O que isso tem a ver com a menopausa?
TUDO 🙂

A partir deste momento, descobri que ninguém estava preparado para enfrentar a menopausa. Nem os médicos, nem eu.
Bom, voltando a falta de ar, eu fiquei com medo e fui buscar ajuda. Diagnóstico: deficiência de ferro. O médico me encaminhou a um hematologista. Problema resolvido. Ou pelo menos parecia.

O cansaço não desapareceu. Ao cansaço, se somou que minha paciência desapareceu completamente e a minha pele estava caindo aos pedaços de tão seca. Pra vocês terem uma ideia o meu calcanhar chegou a rachar. Não, não estávamos em janeiro na praia. Moro em Buenos Aires e isso aconteceu no inverno, por isso me assustei.

Volto ao médico e, paralelamente, peço uma consulta com a ginecologista porque minha menstruação tinha decidido se tornar um hóspede mal-educado.
Aparecia quando queria e sem avisar. Ficou seis meses sem aparecer, se comportou bem durante quatro, apareceu duas vezes no mesmo mês.
Eu, como boa control freak, não podia tolerar isso.

Eu contei a minha ginecologista sobre a deficiência de ferro e ela – a ginecologista – depois de muita insistência pediu uma análise hormonal.
O que me chamou a atenção foi que o fato de ser mulher e ter 48 anos não ter levantado a suspeita de que eu poderia estar entrando na menopausa. Até agora ninguém nunca tinha tocado este tema comigo.

Os resultados chegam. Ansiosa, abro o envelope e esse foi o meu primeiro grande erro.
Diagnóstico: peri menopausa.
Em seguida, o segundo grande erro: Dr. Google.

Quando chegou o dia da consulta com a ginecologista, estava tão excitada para poder esclarecer todas as informações contraditórias que tinha lido na Internet que mal consegui cumprimentá-la.
Mil perguntas saíram da minha boca. Dúvidas, medos, surpresa.

Exatamente. Surpresa. Eu tinha 49 anos, mas uma filha pequena, uma vida superativa e a passagem do tempo sempre me pareceu algo natural.
Ou seja, o mais longe do estereótipo da mulher menopáusica (terceiro erro: não existe “tipo de mulher menopáusica”. Somos mulheres passando por uma etapa. Cada corpo é um corpo. Cada experiência única. Isso eu também aprendi na marra 🙂

Para dizer a verdade, minha ginecologista é uma excelente profissional, mas não estava preparada para responder as minhas perguntas. Ou melhor, não estava preparada para me conter e propor como deveríamos encarar esta etapa.

– E minha pele? Eu perguntei.
– Bem, você tem que hidratar mais …
Mas como? Que creme?

– Sua vagina pode secar e você precisa lubrificá-la – ela me disse.
E se eu for alérgico ao lubrificante? Como eu o uso? Qual é o melhor? Ahh, e como eu lido com os fogachos? E a angústia? E a…

Em resumo, saí como tinha entrado, ou pior…. Continuava perdida.
Decidi conversar com amigas da minha idade e por momentos sentia que era a única menopáusica na face da terra que queria falar sobre isso.

Escutei coisas como: melhor não dar entidade a menopausa. Como se fosse um vírus que fosse se curar sozinha. Outras amigas que já tinham passado “nem se lembravam” de como tinha sido.

E aqui começa o caminho que me levou a querer falar sobre o assunto em profundidade. Sem tabus, sem limites, sem medo.
Percebi que a menopausa sempre me foi apresentada como o fim de alguma coisa.

Mas não! Fico feliz em lhe dizer que é apenas mais uma etapa da vida e que vamos passa-la juntxs. E porque não, vamos nos divertir. Porque também existem coisas engraçadas, bem, algumas coisas tragicamente engraçadas que nós vamos ir compartilhando.
Um beijo!
Miriam