Sou a Enfermeira Gisele Cristina Tertuliano, profissional da saúde que atua na pesquisa, assistência e ensino sobre o SUS e para o SUS há duas décadas. Tenho um especial interesse e afeto de atuar na perspectiva do cuidado com mulheres e crianças periféricas.
Minhas inserções nos espaços de saúde e educação buscam tensionar reflexões sobre o cuidado para que os profissionais aprimorem o seu olhar e a sua prática para a equidade em saúde.
Feliz em conhecer a No Pausa e principalmente pelo espaço concedido para falar do climatério e menopausa de mulheres negras. Vocês devem estar pensando:
Não somos todas mulheres? Há necessidade desse recorte racial?
Respondo que sim, pois somos singulares e diversas e cada indivíduo é marcado por questões de raça, classe social, acesso à informação, acesso aos serviços de saúde entre outros fatores que nos fazem diferentes umas das outras.
O racismo estrutural em nossa sociedade é o mantenedor da exclusão das pessoas negras sobre vários aspectos, e nesse caso estamos falando de saúde, climatério e menopausa de mulheres negras.
Mulheres sofrem violência obstétrica, acessam com dificuldade os serviços primários de saúde, pois a maioria desses estabelecimentos públicos, atendem a população em horário comercial. Para a mulher trabalhadora, que está na tripla jornada de trabalho é um imenso desafio buscar por saúde e qualidade de vida.
Não é incomum os comentários: as pessoas não procuram os serviços preventivos. Eu pergunto: a serviço de quem esses atendimentos são ofertados? Qual o público que irá acessá-los? Qual a percepção de produção de cuidado que o sistema público de saúde oferece? Como são concebidas as políticas públicas para as mulheres nesse país? Por quem ela é feita? Qual é a percepção de vida real que essas pessoas possuem para estarem formulando políticas que irão impactar na nossa vida e nos nossos corpos?
Eu sou uma mulher negra, cisgênero e heterossexual, mas precisamos o atentar para a saúde das mulheres, pois somos vítimas do racismo, do machismo, do sexismo, do etarismo, do capacitismo.
Nesse espaço iremos compartilhar informação e experiências sobre alimentação, atividade física, práticas integrativas e complementares, saúde mental no lugar de uma mulher negra que é profissional de saúde. Quero escrever para todas as mulheres, em especial para as mulheres negras, que pouco acessam informações de saúde em especial no momento que experienciam o climatério e a menopausa.
Envie seus comentários e sugestões de pauta diretamente para a colunista @giselec_tertuliano
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