A gente decidiu que a coluna dessa semana seria um dos “hits” da menopausa: a secura vaginal. Desde que a gente começou o No Pausa – em espanhol – há oito meses, sempre nos chamou atenção a quantidade de mensagens que fazem menção à secura vaginal e a como isso influi na vida sexual.

Aproveitamos e pedimos para a Tati Español – pesquisadora argentina especialista em sexualidade e que está escrevendo um livro 100% dedicado à vulva –   que nos ajudasse com esse conteúdo.

E ela nos enviou uma quantidade incrível de informação para gente compartilhar.

Tati começou fazendo uma pregunta para nós: “Vocês perceberam que não é só secura?”

Concordamos com ela. A grande maioria das mulheres, nas mensagens, comentava que a secura era só a “ponta do iceberg”.

O que acontece é que começamos a notar todo um conjunto de mudanças envolvendo a nossa vulva, que começa progressivamente a interferir no prazer sexual. Por isso é normal achar que nossa atividade sexual está em xeque.

Mas nada mais longe da realidade.

O que acontece com a gente exatamente?

Com o passar dos anos, nossa cara e nosso corpo começam a mudar. A pele resseca e nossas feições “murcham” um pouco. As primeiras rugas aparecem. E essa pele que antes era mais esponjosa e túrgida, agora fica mais enrugada.

A mesma coisa acontece com nossa vulva. Após entrar na perimenopausa, a produção de estrogênio – o responsável por manter as paredes vaginais lubrificadas e “gordinhas” – diminui. Por isso podemos sentir nossa vagina mais seca e nossa vulva começa a perder elasticidade: os lábios internos e externos ficam mais finos, muito menores do que quando o estrogênio reinava em nós.

Vamos esclarecer: independente de como a gente se veja ou se sinta, nossa vulva tem a idade indicada no nosso RG.

Algo similar também acontece com nossa vagina (aproveito para perguntar: vocês são como nós, que chamávamos a vulva de “vagina”? Com um pouco de vergonha confesso que foi Tati quem, com muito amor, nos corrigiu…).

Com a diminuição do estrogênio, nosso colo do útero (que costumava gerar mucosidade cervical) começa a secar.

Após o início da menopausa, sem a lubrificação necessária em nossa vagina, ela “encolhe¨ e fica mais fechada (como era antes da puberdade!). E por esse motivo a penetração pode doer, ou até machucar se não colocarmos lubrificação (ou fizermos algum outro tratamento com estrogênio).

Mas a secura vaginal não é “monopólio” da menopausa e pode ocorrer também em outros momentos da vida como na gravidez, na amamentação, e durante o uso de alguns métodos anticonceptivos hormonais. É legal compartilhar essa informação com nossas amigas “não menopáusicas” que muitas vezes não têm ideia de que a falta de lubrificação nem sempre é só uma questão de idade.

Algumas ideias para que tudo isso fique mais simples:

  • Fazer muitíssimas preliminares, muitíssimas… para que uma vulva no-menopáusica esteja perfeitamente preparada para receber um pênis dentro da vagina, se estima de 20 a 30 minutos de estimulação prévia. Levando a menopausa em consideração, pode ser necessário ainda mais tempo (vamos aproveitar!).
  • Nem todo sexo é penetração: com muito lubrificante também é possível desfrutar do estímulo no clitóris, o que pode perfeitamente te levar ao orgasmo.
  • Incorporar sex toys, de pouco comprimento, para estimular a área e facilitar a penetração.
  • Não deixar de fazer sexo. E, se não estamos em uma relação, se masturbar. Quanto mais estimulamos a área, mais fácil será o sexo. Além disso, a masturbação é indicada como tratamento médico para quem já atravessou a menopausa, já que pode ajudar a evitar uma excessiva secura na área. Laura Streicher, professora de Obstetrícia e Ginecologia da Feinberg School of Medicine (Chicago, Estados Unidos) e autora do livro ‘Sex Rx-hormones, health and your best sex ever’, indica que a masturbação favorece a lubrificação e reduz a secura do tecido vaginal. Além de outros benefícios!
  • Usar muito lubrificante! (E isso é assunto para outra coluna!)

Contem para nós como vocês estão lidando com essas questões no @nopausa.br

Beijo grande,

Miriam & Milagros

Fuente: Vogue