Que tema!
Para começar, é importante entender que esse método faz parte das terapias de reposição hormonal: terapias que consistem na administração de hormonios (ou substâncias com ação semelhante), para o tratamento dos sintomas que passamos na menopausa.

Tudo bem, mas … o que é um pellet?

Sabemos que os medicamentos geralmente vêm em diferentes “formatos” (cápsulas, comprimidos, pílulas, ampolas, etc.) e que, por sua vez, são administrados de diferentes maneiras: oral, inalatória, intravenosa, etc.

Você debe estar se perguntando: e daí?

Os pellets são tecnicamente uma via de administração de medicamentos. Exatamente! Dizer pellets é como dizer pilula (existem até pellets para tratar o alcoolismo, por exemplo). O chip, na verdade, não é um chip.

Portanto, não é um chip, mas um tubinho fino de silicone, com cerca de 4 centímetros de comprimento que libera gradualmente um medicamento quando implantado sob a pele (no abdômen ou um pouco mais para cima da nádega) por um procedimento cirúrgico simples com anestesia local.

Segundo a Dra. Majo Araujo (MN 125.098), especialista em Ginecologia Estética Regenerativa Funcional, “a característica do tipo de formato é que ele tem a capacidade de liberar uma dose lenta e gradual do medicamento quando o colocamos no tecido adiposo, gerando efeitos fisiológicos graduais sem risco de “picos” quanto em outras vias de administração”, explica a Dra.

Que tipo de medicamento é usado em pellets?

Podem ser usados diferentes tipos de hormônios (DHEA (desidroepiandrosterona), estradiol etc.). Os mais famosos sao os de testosterona e introduzem hormônios bioidênticos (quimicamente idênticos aos que o nosso corpo produz) que vêm de uma fonte botânica.

Na pré-menopausa, há uma menor produção de testosterona pelo tecido ovariano (sim, as mulheres têm andrógenos e sua produção ocorre no nível ovariano e da glândula adrenal). Portanto, é um processo natural que essa produção diminua à medida que envelhecemos.

O Dr. Araujo explica que “o que é feito é suplementar o que está diminuindo e o formato do pellet é mais fisiológico (lento e gradual) do que outras vias de administração”.

Agora, nos perguntamos: por que quereríamos complementá-lo? Que benefícios devemos obter? De acordo com aqueles que sao a favor da aplicação desse tipo de terapia (sim, nem todos os medicos apóiam sua aplicação), essa alternativa ajuda a combater muitos dos sintomas da menopausa. “Melhora a área cognitiva, a esfera sexual, a secura vaginal e até diminui as ondas de calor”, segundo a Dra. Araujo. E acrescenta: “também notamos melhora na massa óssea e muscular e, acima de tudo, dá uma sensação de bem-estar geral, por isso é chamado de hormônio da vitalidade lá fora”.

Vilma Rosciszewski (MN: 86546) também concorda que “aumenta o vigor e é melhor, isso melhora todo o resto”.

Em resumo, se ouvirmos a voz daqueles que a apóiam, a terapia de reposição hormonal via pellet melhoraria o bem-estar e a energia que estavam diminuindo como resultado das mudanças e do desequilíbrio hormonal que acompanham essa etapa.

Parece a panacéia não? No entanto, é importante levarmos algumas coisas em consideração antes de pensar que é uma solução mágica. Quatro pontos (não há muitos, então não têm desculpas, é fácil lembrar):

  1. Como sempre dizemos em No Pausa, cada corpo é único e reage de maneira diferente. Ou seja, que o que é benefícioso para algumas mulheres, não significa que vai ser para todas.
  2. Nosso corpo deve estar preparado para recebê-lo. A Dra. Araujo explica muito bem: “É como um vestido feito sob medida. Para que fique perfeito, precisamos ter feito algunas provas antes”. Por exemplo, se o que você precisa é substituir a falta de testosterona, os exames clínicos devem confirmar o déficit de testosterona. Além disso, é aconselhável que um mês antes se realize atividade física e uma dieta especial antioxidante. O que queremos explicar com esse ponto é que o “sucesso” dos resultados depende de uma série de fatores que o especialista deve levar em consideração (aproveitamos a oportunidade para dizer que é um tratamento médico que deve ser supervisionado por um profissional da saúde. Salao de beleza e academia de ginástica nao qualificam ).
  3. A solução não é eterna: a duração dos efeitos do pellet é de geralmente entre 4 e 6 meses. Ou seja, em seis meses se pode colocá-lo novamente ou retornar à situação inicial. O objetivo aqui é entender que, mesmo que sua aplicação tenha tido os efeitos desejados, essa situação não é para sempre.
  4. Nao existe um consenso na comunidade médica: não há, ainda, estudo conclusivo que associe diretamente o uso do implante a problemas de saúde, e por isso ele não é vetado. A resistência de muitos especialistas tem base em trabalhos que já relacionaram o excesso de testosterona com cânceres. Um estudo conduzido pela Universidade Harvard, por exemplo, mostrou que a aplicação do hormônio em mulheres na menopausa resultou em risco duas vezes maior de desenvolver tumor de mama.

Antes de terminar esta matéria, achamos importante estender o último ponto. Muitas pessoas manifestaram preocupação com a falta de regulamentação pela ANVISA (Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria). Segundo especialistas, trata-se de um tipo de medicamento denominado off label (que seria o uso na prática médica diária de um medicamento, sem evidências conhecidas de benefícios ou contra-indicações para uma determinada patologia). Muitos médicos consideram que, como não é regulamentada, sua origem é desconhecida e, portanto, implicaria um risco.

Em resumo, se você está considerando a opção de usar essa terapia, é importante consultar seu médico de confiança, discutir se é – ou não – uma alternativa para o seu corpo e analizá-la levando em consideração todas essas variáveis que nós comentamos na materia.