É engraçado: quando a gente começa a pesquisar sobre um assunto que ainda é tabu, toda semana aprende alguma coisa nova. Por exemplo, você sabia que entre 75 e 80% das mulheres na menopausa (tanto peri como pós) – ou seja, eu e milhões de outras mulheres no Brasil – experimentam sintomas (sim, apenas 20% têm a sorte de não terem que lidar com eles)?

E você sabia que alguns deles estão relacionados à saúde bucal, como retração gengival, síndrome da boca ardente ou doenças periodontais?

Eu não sabia. E, aparentemente, nem meu dentista. Por isso, a descoberta aconteceu da pior maneira.

Na semana passada, fiz o meu controle anual. Estava tranquila, até descobrir que em apenas um ano a minha boca tinha se transformado em um desastre.

Vamos colocar em contexto: eu tenho seis implantes, além de várias coroas. Nada incomum. Porém, entre os sintomas da minha perimenopausa, tive uma retração de gengiva, o que permitiu que bactérias os afetassem. E, olha, elas fizeram a festa!

Resumo: vou ter que enfrentar um tratamento longo e caro. E quando pergunto para o dentista que me atendia há 20 anos por que ele não me avisou que isso poderia acontecer, a resposta foi hilária: como vou falar com você sobre menopausa?

Eu quase o matei. Perguntei: e agora, quem paga por esse estrago?
Mas eu já saiba a resposta: a menopáusica aqui, é claro.

De qualquer forma, vamos aproveitar para falar um pouco sobre isso para que outras mulheres que também estão atravessando essa etapa possam que isso aconteça.

Segundo outro dentista que consultei e minha ginecologista, a origem de tantos problemas é a relação entre a mucosa oral e os hormônios femininos. Essa mucosa é semelhante a vaginal na resposta às mudanças do estrogênio. Por isso a boca é bastante afetada pelo desequilíbrio hormonal desta fase. Só que ninguém fala sobre isso.

A responsabilidade de conversar com a gente sobre o efeito da menopausa na boca não deveria ser só do dentista. O ginecologista também teria que nos perguntar sobre como está nossa boca – principalmente se temos mais de 45 anos – e nos aconselhar a conversar com o dentista sobre isso. No meu caso, isso não foi feito por nenhum dos dois profissionais…

De fato, o No Pausa – nosso site sobre menopausa – sugere que caso sua boca seja complicada como a minha, você comece, a partir dos 40 anos, a conversar com eles sobre isso.

Outra questão que eu não sabia é a relação direta entre doenças periodontais e osteoporose. Ou seja, a osteoporose não afeta apenas o quadril, braços e pernas, mas também a mandíbula.

E a cereja do bolo: na menopausa a gente está mais exposta a perder dentes! De acordo com um estudo da Calcified Tissue International e Musculoskeletal Research, existe uma relação entre a perda dentária e a óssea, o que faz com que o risco de perda de dentes aumente mais de quatro vezes durante a peri e a pós-menopausa.

Então …
Com base na nossa experiência, a gente recomenda que, se você estiver se aproximando da perimenopausa, preste mais atenção à sua boca, pois prevenir é sempre melhor do que remediar.

A nossa boca tem a idade do nosso RG. Ou seja, mesmo que sua atitude “não pareça”, você deve observar o “calendário biológico” e conversar com o seu dentista.

Essa experiência nos mostrou que falta muito para que médicos e dentistas estejam alertas para as mudanças que a menopausa pode causar no nosso corpo.
E agora também está em nossas mãos ajudar a mudar isso!

Se alguém ficou curioso: eu mudei de dentista, estou fazendo tratamento e, quando terminar, mostro pra vocês um “antes e depois” no site.
Mas agora, a gente gostaria de conhecer outras histórias. Isso também aconteceu com você?

Fuente: Vogue